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terça-feira, 7 de junho de 2011

ARTIGO: O que é Graal? Também conhecido como Santo Graal?



O historiador Michael Haag é um destes historiadores que explica o Graal sem máscaras, do modo como ele foi criado. Em seu recente livro sobre a história dos templários, ele explica em poucas linhas, o que a História já corroborou da verdade sobre o tema Graal. E isso, com uma transparência formidável e elucidativa. 
Acompanhemos:

A BUSCA DO GRAAL
O Graal foi inventado no final do século XII por Chrétien de Troyes: jamais fora mencionado antes. É curioso que nada houvesse no Graal de Chrétien que fosse explicitamente religioso; ele nunca escreveu sobre uma taça ou um cálice na Santa Ceia. Por essa razão ele não o descreve como uma taça ou cálice, mas como bandeja, que é o significado original e usual da palavra graal no francês antigo. Mas há algo de mágico na primeira aparição do Graal nas paginas da história de Chrétien, no início de um festim oferecido por um milionário, e é mais maravilhoso ainda que Chrétien não tenha terminado sua história. Ele aparece assim na história:
Então entraram dois pajens trazendo nas mãos candelabros de puro ouro com detalhes esmaltados. Os jovens que portavam os candelabros eram extremamente belos. A criada que acompanhava os dois jovens trazia nas mãos uma bandeja; ela era bela, nobre e estava ricamente trajada. Quando entrou no salão com a bandeja, o espaço iluminou-se e as velas perderam o fulgor, assim como as estrelas e a lua quando o sol nasce (Arthurian Romances, Penguin, 1991).
O que mais impressiona nessa aparição do Graal é que Percival, o herói do romance, sabe exatamente do que se trata, mas não diz nada até a história ser interrompida (com a morte de Chrétien). Seria uma alegoria? Esse aspecto é algo que se discute há mais de oitocentos anos. E, se for, seria uma alegoria religiosa? Também não há nada de definitivo a esse respeito. Mas essa imagem fantasiosa logo inspiraria outros escritores a terminar a história – entre eles Wolfram Von Eschenbach, que em Parzifal, a sua adaptação alemã do século XIII, introduz os cavaleiros templários na literatura como os guardiões do Graal.


Chrétien de Troyes escreveu quando a sociedade medieval ocidental, tão fiel às tradições, se abria para um mundo mais amplo, o mundo além do Mediterrâneo, o mundo oriental, onde novas ideias e crenças eram descobertas e redescobertas, no mínimo por conta das Cruzadas. Escrever sobre o Graal era escrever sobre uma busca cultural e espiritual, embora seja estranho que o gênero, independentemente de suas nuanças religiosas, fosse o preferido dos escritores seculares, jamais da Igreja. E assim, livre de doutrinas e cânones, o Graal tem sido infinitamente reinventado até hoje.”




O primeiro poema do Graal teve como pano de fundo a estória arturiana. Nesse cenário, o poeta Chrétien de Troyes (século XII, França) não só criou o tema Graal com sua inspiração, mas criou o novo personagem arturiano “Percival”.
O personagem Percival ficou consagrado nas estórias e poemas arturianos, a partir de então, como “o tolo puro” (o tolo ingênuo). O tolo puro é simplesmente uma referência a ingenuidade de Percival frente à vida e às suas vivências na flor da idade. Percival havia vivido até sua adolescência longe de tudo e de todos, com sua mãe no interior de uma floresta. Quando começou a explorar o mundo a sua volta e se deparou com alguns cavaleiros com suas armaduras, Percival não sabia do que se tratava, e foi chamado por eles de “tolo puro”. A partir daí a estória do Graal e Percival segue falando das peripécias e aventuras de Percival pelo mundo arturiano medieval.

Chrétien foi depois copiado pelos poetas europeus seguintes, devido a sua fama, onde cada um reescreveu a estória original conforme sua imaginação, fantasia e vontade. Foi assim que o poema do Graal obteve sua mais famosa composição: “Parsifal”, do poeta alemão Wolfran von Eschenbach no século XIII. A partir de então, o Graal se tornou lenda e anseio, somados a caça de relíquias nas Cruzadas.
Após o século XIII o Graal seguiu sendo reinventado de quando em quando até se tornar divino: “o Santo Graal”, o “coração do Universo”, também chamado de “fonte de energia transcendental”. Pilhas de livros foram escritos, além de óperas e filmes. A ópera mais famosa foi “Parsifal” de Wagner*, e os filmes mais famosos foram “A Última Cruzada” (Indiana Jones) e “O Código da Vinci”.


Percival, o guardião e rei do Graal, também seguiu um caminho parecido ao do Graal e tornou-se divino: “o tolo puro divino”.
Para quem acredita que o termo “tolo puro” tem outro significado que não o explanado acima, explico aqui que o poema ORIGINAL, que é francês (de onde todos os outros derivam), é isento de confusão quanto a mudança de sentido causada por pronomes, como no caso dos pronomes alemães “das” e “der” que mudam o sentido de uma palavra. No francês original é simplesmente “Bête Pur” (tolo puro).
Cai aqui por terra a suposta sabedoria de quem não estudou o Graal dos poetas nos originais, comparando-os!!!**
Tais obras estão agora a disposição de todo mundo, graças as traduções e novas publicações. O pesquisador interessado em se aprofundar em tal tema e desmistificar seu conteúdo, pode adquirir as recentes Obras publicadas no Brasil, de Chrétien e Wolfran, especificadas nas referências abaixo.



Vito Marino









* Em 1881, Richard Wagner publicou um ensaio que recomendava o anti-semitismo político, classificando os judeus de “demônio causador da decadência da Humanidade”. Não foi à toa que Hitler se tornou um fã dele. Racismos a parte, suas Obras são até hoje ovacionadas e assistidas, consagrando-o um dos maiores compositores de todos os tempos.

** As doutrinas do Graal acreditam que seu mentor máximo de nome Oskar Ernst Bernhardt (Abdruschin) é Parsival (Perceval) e “Filho de Deus”, e que ele lhes trouxe a salvação espiritual através de seus livros. Tais doutrinas se baseiam em parte no poema alemão de Wolfran von Eschenbach do século XIII. Para consagrar seu mentor a "Filho de Deus" e "Salvador do Mundo", estas doutrinas condenaram os pronomes alemães “das” e “der”, que mudam o sentido de uma palavra, como sendo responsáveis por mudar o sentido daquilo que o poeta queria dizer originalmente, ou seja “o Portal puro” e não “o tolo puro”, pois a figura de “tolo puro” não se coadunaria com seu mentor “Filho de Deus”, mas sim o “Portal puro”. Desse modo ficou fácil “condenar” o autor do poema “Parsifal” de “mal uso”, ou de “erro” na sua inspiração ao usar os pronomes alemães. Os adeptos do Graal só não sabiam que a origem do poema do Graal é francesa e anterior à alemã, sendo que no original francês (Chrétien de Troyes, séc. XII) não há o “problema sugerido de pronomes que mudam o sentido de uma palavra como no idioma alemão. No poema original francês, Perceval é simplesmente “Bête Pur”, o "tolo puro", também conhecido como "tolo ingênuo".





Referências:
—TROYES, Chrétien de. Perceval ou O Romance do Graal. “Perceval ou le Roman du Graal” (do manuscrito medieval do século XII), 2ª edição. São Paulo, SP: Editado no Brasil pela Livraria Martins Fontes Editora Ltda., Agosto de 2002.
―ESCHENBACH, Wolfram von. Parsifal (do manuscrito medieval do século XIII), 3ª edição. Atestado por Karl Lachmann. Tradução de A. R. Schmidt Patier. São Paulo, SP: Editora Antroposófica Ltda., 2006.









—HAAG, Michael. Os Templários, História e Mito. São Paulo, SP: Editora Prumo Ltda., 2009 (www.michaelhaag.com).

—ABDRUSCHIN. Respostas a Perguntas de 1924 a 1937 (1953), pergunta nº 67. Embu, SP: Editado pela Ordem do Graal na Terra, 1ª e 3ª edições, 19(?) e 1993.

—ABDRUSCHIN. Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal, vol. 3, 1ª e 5ª edições. Embu, SP: Editado pela Ordem do Graal na Terra, 19(?) e 1993.








Os amantes da música podem curtir aqui duas partes das canções da Ópera Pasifal de Wagner, tiradas do YouTube:

Parsifal Ato 1


Parsifal Nur eine Waffe taugt






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