Um Mundo de Novas Descobertas

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Roselis von Sass

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A ESCRITORA ROSELIS VON SASS E A DEMANDA DO SANTO GRAAL COMO DOUTRINA

-trecho do livro “A Idade Média e a Criação do Graal”, de Vito Marino







“‘Chegamos agora à escritora austríaca Roselis von Sass (1906-1997), adepta e contemporânea de Oskar Ernst Bernhardt. Ela foi fundadora de uma Ordem filosófica no Brasil, em 1958, de nome “Ordem do Graal na Terra”, que até hoje segue divulgando a filosofia graalita de Bernhardt tratada no tópico anterior.
O Graal seguiu na Ordem do Graal na Terra, inicialmente, o mesmo rumo do “Graal-religião-profecia” herdado de Maria Freyer Bernhardt, a viúva de Oskar Bernhardt. Antes porém, de chegar a este ponto, o Movimento do Graal no Brasil já existia, e seguia as diretrizes de Oskar Bernhardt da Áustria. Roselis von Sass era inicialmente ligada a esse Movimento no Brasil, antes da Segunda Guerra Mundial. Mas depois que Maria Bernhardt inaugurou o Novo Movimento do Graal herdado do marido, houve dissidentes como Roselis von Sass, que resolveu seguir um caminho próprio dentro da filosofia graalita. Caminho esse que veremos agora.
“Roselis von Sass” também tornou-se escritora, e escreveu alguns livros místicos que enfatizaram o Graal, Perceval (Parsival) e seu mentor Bernhardt-Abdruschin.
Roselis von Sass é seu nome de escritora, mas seu nome de nascimento era Rosa Elisabeth Fischer, e que depois, quando casada, tornou-se Rosa Elisabeth von Sass.
Nascida em Grundlsee, na Áustria, Rosa Elisabeth realizou seus estudos também na Áustria, até que seu pai Karl Fischer a trouxe para o Brasil em 1926, após se divorciar da mãe. No Brasil fixaram residência em São Paulo, capital.
A partir de então, Rosa Elisabeth estudou por conta própria ocultismo, astrologia, magia branca, rosa-cruz, espiritismo e a edição alemã de 1926 (de capa violeta) do livro “Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal” de Oskar Bernhardt (Abdruschin).
Um dia, Rosa Elisabeth teve uma “visão sobrenatural”, onde viu um rei guarani, descendente dos toltecas, se apresentar diante dela, dizendo que dali em diante ele zelaria por ela e pela missão espiritual que ela devia cumprir no Brasil, a partir daquele dia, acompanhada de um grupo de “auxiliadores invisíveis”. A tal “missão” dizia que ela devia trabalhar com afinco pela divulgação da Obra Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal, no Brasil.
Aqui no Brasil, Rosa Elisabeth conheceu e se casou com um engenheiro chamado Robert Rudolf Harry Baron von Sass.
Rosa Elisabeth passou a manter contato à distância com Oskar Bernhardt na Áustria, e este a consagrou oportunamente a “seu serviço espiritual no Brasil”. Desde 1934, já existia uma edição portuguesa do livro central da doutrina graalita de Bernhardt (N.L.V.).
Mas em 1938 ocorreu a dissolução do Movimento do Graal na Europa, pelos nazistas, logo que estes anexaram a Áustria à Alemanha, e em seguida o falecimento de Abdruschin (1941).
Após a Segunda Guerra Mundial, Maria Freyer Bernhardt desenvolveu um novo Movimento do Graal em Vomperberg (Áustria). Já no Brasil, a discípula e mais tarde “apóstola” Rosa Elisabeth, juntamente com seu marido e outro adepto do Graal chamado Walter Karl August Brauning, ativaram o que chamaram de “Movimento do Graal no Brasil”.
Em 1947, logo após Rosa Elisabeth receber uma procuração de Maria Bernhardt, através de Walter Brauning que retornara de uma viagem à Montanha da Salvação (Vomperberg), os tres amigos fundaram “O Santo Graal Congregação Brasileira”. Rosa Elisabeth se tornaria posteriormente a diretora da entidade, com sede na cidade de Embu das Artes, São Paulo.
Em 1948 foi inaugurado um templo do Graal na sede do Embu, para atender aos membros afiliados em suas necessidades espirituais.
Maria Bernhardt faleceu em 1957, e O Santo Graal Congregação Brasileira se separou juridicamente da entidade da Áustria. Em 26 de junho de 1958, O Santo Graal Congregação Brasileira foi transformado em “Ordem do Graal na Terra*”, entidade filosófico-religioso-espiritualista, baseada única e exclusivamente na Obra de Bernhardt (Abdruschin), Na Luz da Verdade, Mensagem do Graal edição em tres volumes e literatura correlata.
Esta Ordem filosófica também se firmou como Editora de seus livros e Rosa Elisabeth mandou publicar num informativo, que “os objetivos da Ordem do Graal na Terra são estritamente espirituais. Não há funções filantrópicas ou de assistência social. Uma pessoa com sólida base espiritual, ligada novamente ao seu Criador, esforçar-se-á, por si própria, sem a ajuda alheia, para conseguir melhores condições de vida terrena. E isto é muito mais duradouro do que qualquer ajuda caridosa”.
Rosa Elisabeth começou a afirmar para os seus adeptos e seguidores, que tinha o “dom de ver” o que havia acontecido na Terra durante os longos milênios passados. Ela acreditava que sua missão seria escrever livros sobre aquelas épocas para assim tornarem-se uma propaganda eficiente na divulgação das Obras filosóficas do escritor Oskar Bernhardt, chamado por ela de “meu Senhor”. Ela escreveu que os escritos de Bernhardt eram a “Palavra Viva”, e que “a liberdade espiritual, o ser humano somente poderia alcançar através da Mensagem do Graal de Abdruschin”.
Rosa Elisabeth passou a ser considerada “vidente” pelos seus seguidores, e seu primeiro livro é publicado em 1969. Chamou-se “O Livro do Juízo Final”. A partir daí, ela passou a assinar suas Obras com o nome literário “Roselis von Sass”.
Após alguns livros escritos, ela declarou ser a encarnação viva de algumas das personagens de suas Obras livrescas, como a primeira imperatriz do Brasil “Maria Leopoldina Habsburgo” e a lendária “rainha de Sabá Belkis” (Biltis), aquela que encantou o rei judeu Salomão (vide Bíblia 1 Reis 10:1-13 e 2 Crônicas 9:1-12).
O Graal apocalíptico continuava em frenética ascensão. No seu primeiro livro (O Livro do Juízo Final), Roselis von Sass anunciava uma nova data de um suposto Juízo Final (o “Fim dos Tempos”), prevendo o seu começo e fim já no capítulo I. Ali ela escreve que quando expirou o prazo de “desenvolvimento espiritual do ser humano”, o relógio do Universo deu um sinal, que fez começar ao mesmo tempo o Juízo Final. E que “quando isso aconteceu, contava-se na Terra o ano de ‘1929’ ”. E também, que “por volta do ano 2000 as tempestades do destino ter-se-ão acalmado, e um novo sol brilhará sobre a Terra purificada”. E Roselis especificou a duração desse suposto Juízo: “De 1929 até 2000!”.
No mesmo livro, no capítulo XXIV, chamado “O Grande Cometa, a Estrela do Juízo”, Roselis continua: “De acordo com todas as previsões chegará com o ano 2000 o fim do Juízo”.
Em abril de 1956, Roselis von Sass também havia afirmado num livreto chamado “Proteção da Luz sobre a Ancoragem da Palavra no Brasil”, que dentro da História da Humanidade “o que não se modificou foi a palavra sagrada e o ponto final do Juízo”, e que “todo o Brasil foi escolhido pela Luz para ser um ponto firme de ancoragem da Verdade; em todo o país, pois, têm de se formar pontos, dos quais possa ser divulgada a Mensagem do Graal”. E ainda, que “a maior parte dos seres humanos terrenos já está julgada e condenada. Condenada à morte espiritual!”, e que “somente poucos, serão os salvos”.
A apóstola vidente de Bernhardt, Roselis von Sass, também escreveu que “servir ao Graal é servir a Deus!”, e que “quem deseja servir verdadeiramente deve apoiar e estimular tudo o que procede da organização do Graal, indistintamente; quer se trate de edificação espiritual, da divulgação da Palavra, ou daqueles assuntos e misteres destinados a incrementar uma organização terrena. O verdadeiro servidor encontra-se sempre de prontidão. Com essa atitude demonstra sua fidelidade à Luz”, e “não vos esqueçais, em nenhum momento, a partir de agora, que sois subordinados ao Juízo Divino, que vos forçará a entrar no caminho certo, e, se não puderdes fazê-lo, sereis expelidos como fruto podre (…)”. “O ser humano persegue sonhos de felicidade que nunca poderão se realizar, ao invés de se livrar, com todas as suas energias, de todo o errado. Hoje ninguém tem direito à felicidade! Esse direito há muito se perdeu”.
Roselis também escreve, que um cometa gigantesco aparecerá no céu trazendo as últimas consequências do Juízo Final, juntamente com a dizimação da Humanidade condenada.
O Graal de Chrétien de Troyes se tornou algo assustador e também um círculo de fanatismos.
Após 27 anos de uso, o primeiro templo graalita no Embu foi demolido, por necessidade de mais espaço interno, sendo inaugurado um novo templo bem maior em 18 de abril de 1975, no mesmo local do anterior. Foi dado a este templo o nome de “Templo da Verdade”, também conhecido como “Templo do Graal na Terra”.
Assim como Oskar Bernhardt, que indicou o início do Juízo Final em 1929, por causa do início da crise mundial da Grande Depressão e seus efeitos, Roselis von Sass também o fez, no entanto, ela teve de estender a data do final deste Juízo Divino para o ano 2000, uma época mais longe no tempo, ou seja, 31 anos à frente da primeira edição do seu livro “O Livro do Juízo Final”, que trazia esta profecia com as datas.
Sabemos que o ano 2000 já era na época da escritora (décadas de 1960 e 1970), um ano mundialmente apocalíptico em muitos círculos místicos, pois seria a virada de um milênio, e isso, por si só, criava uma superstição generalizada nas pessoas, portanto, não é de se espantar os anseios e a escolha do ano 2000. Mas no ano 2000, Roselis von Sass já havia falecido fazia 3 anos, e o Juízo Divino não veio…
Até a 11ª edição do Livro do Juízo Final, constava em seu conteúdo as datas destas previsões de Roselis von Sass, assim como aqui estão reproduzidas, mas já na edição seguinte, a 12ª de 2003, as datas foram removidas, não constam mais, logicamente porque já passamos da data prevista por esta vidente-escritora e nada aconteceu daquilo que ela previra, o que colocou em risco a sua reputação de vidente e a sua entidade do Graal. Algo tinha de ser feito para que a doutrina do Graal continuasse sobrevivendo.
Resumindo: Roselis von Sass acreditava que Oskar Bernhardt tinha ressuscitado espiritualmente dos mortos. Depois da publicação da nova Mensagem do Graal em tres volumes, ela, assim como outros graalitas apocalípticos, acreditavam que o fim estava próximo e que muito ainda tinha de ser feito para a salvação dos poucos seres humanos merecedores do novo Reino. O Reino de Deus não havia chegado ainda, mas estava quase chegando. As expectativas de Oskar Bernhardt (que deveriam ter se cumprido no tempo dele) logo se realizariam, e as promessas de Deus estavam para cumprir-se. Mas o momento da “libertação do mundo” não ocorreu…
Sim, os “dons de vidência” de Roselis von Sass haviam apontado a nova data do fim do Juízo Final. Mas logo veio a sua morte em 1997, e depois, suas previsões para o ano 2000 não aconteceram. Então, as datas apocalípticas tiveram de ser removidas de seus livros, pela nova direção herdeira da seita, para não comprometer a Ordem filosófica e sua reputação. [...]**’”   


CONTINUA NO LIVRO, ONDE DIVERSAS PASSAGENS EXPLICAM E ESCLARECEM TODO O CONTEXTO DO ASSUNTO DESTAS LINHAS...



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 **Bibliografia à disposição no livro citado.

-Mais detalhes: http://vitomarino.blogspot.com.br/2013/09/a-idade-media-e-criacao-do-graal-de_23.html
-Foto: domínio público




* O Santo Graal Congregação Brasileira, hoje “Ordem do Graal na Terra”, situa-se na rua Sete de Setembro, número 29.200, Chácaras Bartira, Embu das Artes (antiga Estrada Pinheiro, km 29, Morro Grande).

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ditos Populares (n° 280)

postagem semanal


“É melhor um jumento que me carregue, que um cavalo que me derrube... ou escoiceie.” (Bras-net, SP)


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 67




“O ser humano primitivo inventou espíritos durante a contemplação do cadáver da pessoa que amava... A lembrança contínua dos mortos se tornou a base da suposição de outras formas de existência e lhe deu a ideia de uma vida futura após a morte.”


Sigmund Freud
Reflexões sobre a Guerra e a Morte,
cap. II, Nossa Atitude em Relação à Morte.











segunda-feira, 28 de novembro de 2016

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ditos Populares (n° 277)

postagem semanal


“É melhor gastar um milhão com saúde do que gastar um milhão com remédio.” (Bra-net, RJ)



quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Ditos Populares (n° 276)

postagem semanal


“É mais fácil prometer que dar.” (GO)





-ilustrações do site somente ilustrativas
-foto domínio público

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Ditos Populares (n° 275)

postagem semanal


“É mais fácil para o burro perguntar, que para o sábio responder.” (BA)


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 66



"A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles."
Albert Einstein



segunda-feira, 31 de outubro de 2016

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Ditos Populares (n° 271)

postagem semanal


“É má educação fazer calar um tolo, mas é crueldade deixa-lo falar.” (americano)


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Ditos Populares (n° 270)

postagem semanal





“É hora da onça beber água.”




*foto: domínio público

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 65



“O homem erudito é um descobridor de fatos que já existem, mas o homem sábio é um criador de valores que não existem e que ele faz existir.”

Albert Einstein



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Ditos Populares (n° 269)

postagem semanal


“É do mal-educado que se aprende a boa educação.” (árabe)


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Ditos Populares (n° 268)

postagem semanal


“É difícil fazer um amigo em um ano, mas é fácil perde-lo em uma hora.”







*foto: domínio público

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 64




“A alegria evita mil males e prolonga a vida.”


William Shakespeare



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Ditos Populares (n° 262)

postagem semanal


“É como a Maria Nabiça: tudo o que vê, tudo cobiça.”



segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 63



“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”

Albert Einstein





Ditos Populares (n° 261)

postagem semanal


“É cobra criada.” (Bras-net, SP)


segunda-feira, 25 de julho de 2016

segunda-feira, 18 de julho de 2016

segunda-feira, 11 de julho de 2016

segunda-feira, 4 de julho de 2016

sábado, 2 de julho de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 62



“A religião de uma Era é o entretenimento literário da seguinte”


Ralph Waldo Emerson

(1803-1882, escritor, filósofo e poeta americano)



segunda-feira, 27 de junho de 2016

quarta-feira, 22 de junho de 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Ditos Populares (n° 254)

postagem semanal




“Durante o nevoeiro é que se conhece o comandante.” (Jonas)


segunda-feira, 6 de junho de 2016

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 61


“Na vida, pequenos incidentes levam a grandes mudanças.”

Benazir Bhutto
(1953-2007, 
primeira-ministra do Paquistão
 em seu livro “Reconciliação”)




segunda-feira, 30 de maio de 2016

segunda-feira, 23 de maio de 2016

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ditos Populares (n° 250)

postagem semanal


“Dor de barriga não dá uma vez só.” (Bras-net, SP)


segunda-feira, 9 de maio de 2016

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Ditos Populares (n° 248)

postagem semanal


“Dois pesos, duas medidas.” (MS)


Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal n° 60


“Eduquemos as crianças e não será necessário 

castigar os homens.”


Pitágoras
(filósofo e matemático grego,
570-496 a.E.C.)




segunda-feira, 25 de abril de 2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

segunda-feira, 11 de abril de 2016

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Ditos Populares (n° 244)

postagem semanal


“Diz-se que gente velhaca dá nó em goteira e ensaca relâmpago na serra.” (RS)


Grandes Sabedorias do Universo

postagem mensal (n° 59)



 “Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.”

William Shakespeare

(1564-1616, dramaturgo e poeta inglês)


quarta-feira, 30 de março de 2016

O NAZISMO E A ATLÂNTIDA


Como o mito da “Atlântida” se tornou crença científica na Europa Germânica e fortaleceu o nazismo?

O capítulo mais negro da História do nazismo e da Segunda Guerra Mundial tem um lado escondido e parte dele tem a ver com o mito da Atlântida.
A visão de supremacia alemã criada por Hitler e seus capangas veio de uma mistura tóxica, onde seus ingredientes eram: histórias falsas, pseudociência, mentiras étnicas, uma lenda de uma raça superior e a transformação de um amuleto de boa sorte num símbolo de ódio. Tudo isso regado a outro ingrediente chamado ocultismo.
Com isso em mãos, os nazistas embarcaram numa jornada insana de refazer o mundo.
Mas, por que doutrinas esotéricas eram importantes para Hitler? O que o ocultismo nos permite fazer?
Nos permite adotar o sobrenatural, a autoridade mais alta, num domínio não mais regulado pela Igreja.
       Os nazistas queriam acertar as contas com o cristianismo, que segundo eles, era uma das maiores pragas que acometeu a História e que havia enfraquecido a Alemanha. Os nazistas queriam substituir o cristianismo pelas crenças pagãs nórdicas.
Tudo começou um ano antes do nascimento de Hitler, quando uma das doutrinas ocultas foi descrita para o mundo num lugar improvável por uma pessoa improvável, tornando-se um presságio do nazismo vindouro. Vejamos essa história:
Morando em Londres, havia uma aristocrata russa conhecida como Madame Helena Blavastski (pseudônimo de “Zeneida R-va”) que escreveu um best-seller de nome “A Doutrina Secreta: Síntese da Ciência, Religião e Filosofia” (1888). Em mais de 1.000 páginas ela reescreveu a História do Mundo, desde a “criação” até os dias atuais. Ela usou fontes nada convencionais como astrologia babilônica, hieróglifos egípcios e uma mistura de elementos ocultistas aprendidos em suas diversas viagens pelo mundo (principalmente no Oriente).


Blavatski não inventou nada. Mas ela deu poder a uma suposta civilização perdida. A vantagem deste tipo de informação é que as pessoas que controlavam e regulavam essa informação já haviam morrido, então ela – assim como qualquer um –, podia dar o significado que quisesse ao assunto. E Blavatski deu mesmo. Segundo ela, gigantes do continente perdido de Atlântida criaram uma raça de super-homens: os arianos. Assim, os arianos se tornaram um potente mito de uma raça superior. Para Blavatski eles levaram a semente da civilização para a Grécia e para Roma. Mas também motivaram os povos germânicos e se tornaram uma fonte de profunda criatividade cultural. Eles tornaram-se então a raça superior, a expressão máxima da civilização. 
A partir disso, surgia a ideia do arianismo, evoluída de um mito ocultista.
O livro de Blavatski é misticismo querendo se passar por História, mas vendeu bem. E um livro contestando o padrão da História chegou na hora certa, pois a Europa estava vivendo um momento histórico onde a religião estava sendo desacreditada rapidamente pelos avanços da tecnologia e da ciência, testemunhando o nascimento de uma série de escolas místicas de ocultismo, grupos espiritualistas, centros espíritas, pensamento alternativo, etc., principalmente na Alemanha. Havia uma fascinação pelo oculto (também nos E.U.A.).
A religião e a ciência deixaram de andar juntas a partir dos fatos descobertos por Darwin. Durante quase dois mil anos, a Bíblia era a verdade definitiva. Aí, o cientista Darwin contestou a origem da História. Novas provas da Evolução abalaram a fé das pessoas até o âmago!
Por isso, quando Hitler nasceu havia uma nova onda de espiritualismo para um público atrás de respostas novas. O livro de Blavatski era então um banquete.
Blavatski é importante por conta da forma como escreveu o livro. As tradições ocultistas, por definição, eram práticas ocultistas da elite, mas ela contou sobre isso ao mundo todo.
Blavatski teve a ideia de que todas as coisas – os planetas, o universo, as pessoas – passavam por um estágio evolutivo de muitas fases. Tal evolução lhe fez surgir a ideia de que havia sete raças-raízes. A isso, ela acrescentou a ideia dos arianos como a 5ª, e então, atual raça, representando muita vitalidade, força e inteligência, como a futura raça da humanidade.
Um escritor e ocultista austríaco chamado Guido von List, leu Blavatski sobre a ideia da raça ariana. Ele então germanizou esta ideia. A raça superior ficou assim especificamente identificada com um tipo de destino racial alemão.
Blavatski reescreveu a História. List, a geografia. Ele transplantou a origem dos arianos da Pérsia para o norte da Europa. Ele chamou de “Reino Nórdico de Thule”, palavra que quer dizer “antigo paraíso nórdico”.
List imaginou uma raça superior loura de olhos azuis.
Segundo Blavatski e outros ocultistas, os arianos eram, então, a raça superior, o ideal nórdico louro de olhos azuis. Os alemães passaram a sentir que representavam esse ideal. Desse modo eles passaram a achar que tinham um legado espiritual para dar à humanidade e uma responsabilidade de purifica-la afim de prepara-la para o próximo passo da Evolução.
Para validar sua teoria, von List procurou uma ligação entre os míticos arianos e os alemães contemporâneos. Depois de procurar muito ele acreditou ter encontrado: um extinto alfabeto germânico chamado “runas”. Num jogo em que, quanto mais antigo maior a autoridade, as runas permitiram que os alemães entrassem no jogo.


Blavatski descreveu a raça dos super-homens. Von List fez com que fossem alemães. Mas faltava algo: o que é um super-homem sem um arqui-inimigo? O inimigo foi fornecido pelo ex-bispo austríaco Jörg Lanz von Liebenfels, após encontrar em sua abadia uma imagem numa laje mostrando um nobre pisando numa fera. A partir daí ele ficou convencido de que “raças superiores” precisavam suprimir e conquistar “raças inferiores”, pois eram potencialmente demoníacas, e publicou tais ideias em sua revista Óstara. Ele avisou que a super-raça ariana precisava se proteger das supostas raças inferiores, como, entre elas, os judeus. Ele descrevia a miscigenação das raças e defendia algum tipo de programa de purificação racial baseado em ideias ocultistas. A ideia de von Liebenfels foi de extermínio através de esterilização e castração. Muitos leitores gostaram do que leram e permitiram que a revista circulasse nas ruas de Viena. Entre estes leitores estava um jovem artista sem-teto e com dificuldades: Adolf Hitler. Ele possuía inúmeros volumes da revista Óstara e passou a se encontrar com o ex-bispo. O ex-bispo encontrou um ouvinte de mente fértil.
Quando Hitler deixou Viena em 1913, ele já possuía a base da sua perspectiva racial definida.
O tempo correu, e após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) um grupo de antissemitas formou uma sociedade exclusiva chamada Thule, em homenagem à lendária pátria ariana inventada. Seus integrantes debatiam política, ocultismo e os judeus, e se tornou o berço do Partido Nazista. Um dia, eles ganharam um novo membro que mudaria a História da Humanidade para sempre: o ambicioso Hitler.
Em 1933 Hitler assume o poder na Alemanha.
O restante da História horrível que se seguiu, o leitor já conhece...




Vito Marino




Para saber mais e fontes:

-Documentário “Hitler e o Oculto”, 2007: http://globosatplay.globo.com/globosat/v/3152508/

-Documentário “Hitler and the Occult”, 2007: https://www.youtube.com/watch?v=qHxeOT8A6sQ

-Artigo “Atlântida. Princípio e Fim”, 2011: http://vitomarino.blogspot.com.br/2011/05/atlantida-principio-e-fim.html

-Livro: “The Occult Roots of Nazism”, Nicholas Goodrick-Clarke




*Imagens puramente ilustrativas, de domínio público.