Um Mundo de Novas Descobertas

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

O APOCALIPSE


Ou a Ideia do Apocalipse*, também 

conhecido como "JUÍZO FINAL"







Na formação da primitiva literatura cristã, apresentaram-se diversas possibilidades de textos para servirem de base à nova religião do Ocidente. Destes textos, diversos foram escolhidos para compor a Bíblia como “favoráveis à fé” e outros foram recusados como “não favoráveis” (heréticos). Estes últimos são conhecidos como “textos apócrifos”. Faziam parte deles diversos textos “Apocalipses”, como o Apocalipse de Pedro, o Apocalipse de Paulo e o Apocalipse de Tomé.
Mas o mais antigo Apocalipse de todos, foi o Apocalipse de Daniel do Velho Testamento. Hoje em dia já se sabe que todos esses diversos Apocalipses derivaram do Apocalipse de Daniel (inclusive o Apocalipse de João usado no Novo Testamento). O Apocalipse de Daniel foi o modelo para os outros!
O Apocalipse de Daniel, com suas “visões”, retratava os acontecimentos da guerra judaica do tempo de Antíoco Epífanes. Aquela época foi o “Fim dos Tempos” para os judeus, por isso foi escrito este Apocalipse**.



Partindo deste modelo apocalíptico judeu, vários outros Apocalipses foram escritos posteriormente, pela necessidade de cada época, tanto por judeus como por cristãos. Daqueles compostos por cristãos, somente um foi escolhido para compor o Novo Testamento, como parte final da Bíblia. No caso, foi o conhecido “Apocalipse de João” que na época era conhecido como “A Revelação”, mas que passou para a posteridade com o nome da forma grega “Apocalipse”. Foi um judeu-cristão adepto de Jesus que escreveu esse Apocalipse bíblico, após a morte do imperador romano Nero. Este autor assina como João, e supôs-se que ele teria sido João, o discípulo de Jesus, mas na verdade é um pseudônimo.
Seu livro do Apocalipse circulou por toda a Ásia Menor. Na época de sua composição, o Apocalipse cristão retratou o que parecia o “Fim do Mundo” para a Era Cristã Primitiva. E isso aconteceu na mesma época em que ele foi escrito. Parecia o “Fim do Mundo Cristão” logo em seu início. Era o momento que se estava vivendo naquela época do final do primeiro século de nossa Era. O Apocalipse de João foi um produto de seu próprio tempo e tratava-se do Apocalipse provocado pelo imperador Nero contra a nova seita, a seita dos cristãos. O Apocalipse de João foi a história que veio e se foi…



Vozes se levantavam acusando o imperador romano Nero de incendiar Roma. Nero queria um grande espaço vazio em certo lugar da cidade para seus novos projetos de construção urbanística, inclusive um novo palácio mais suntuoso, o Domus Áurea. Nero queria a glória de dar o seu nome à nova cidade que planejara. Como não havia um lugar assim, mas tão somente lugares apinhados e ocupados, Nero teve a ideia de arrumar espaço causando um incêndio. Este, facilitaria as grandes expropriações que Nero previa. O incêndio aconteceu em 18 de julho de 64 E.C. à noite, e durou nove dias. Aconteceu que Nero necessitou de um bode expiatório para livrar sua culpa, e foi aí que escolheu a seita ateia*** dos nazarenos para culpar. Por ordem sua os cristãos foram perseguidos pelo império, maltratados, presos, e muitos foram mortos e suas posses roubadas. Eles foram torturados para obter confissões do incêndio, outros foram crucificados e outros tiveram de morrer na arena, vítimas de guerreiros e animais ferozes.



A maior cidade e capital do império fora incendiada! Alguém tinha de ser culpado! Este grande incêndio foi um dos eventos mais trágicos da história de Roma. Diziam que o imperador era um louco e psicótico! Ele ficou conhecido como um tirano cruel e megalomaníaco. As elites romanas estavam descontentes com as suas medidas. Odiado pela aristocracia, Nero era também um mito romano, consagrado como um homem culto, artista sensível e campeão esportivo, mas isso não ajudou na sua imagem negativa com a qual ficaria lembrado: “O Veneno do Mundo”.


Tudo ao redor dos nazarenos-cristãos parecia desmoronar… Foi uma época apocalíptica de perseguição aos cristãos por todo Império Romano. Imagine isso. Não havia lugar seguro. Mesmo nas suas reuniões nas catacumbas de Roma, eles eram descobertos. Não havia mais esperança. A maioria se deixou levar pelo destino e pelas maldades de Nero. Mas o desfecho desta triste história ocorreu nos últimos anos do reinado deste imperador, com a martirização dos dois maiores santos do cristianismo: Pedro e Paulo. O Apocalipse de João narra parte dessa história, mas também relata outras coisas, como a vinda de Jesus Cristo ao mundo, a sua santidade, a sua morte, a sua ressurreição e em seguida a última batalha do Fim dos Tempos no Armagedon, com o súbito retorno de Jesus Cristo. O autor do Apocalipse de João acreditava que um novo retorno de Jesus Messias era iminente (a “Segunda Vinda”)****. Quando isto acontecesse, uma última batalha entre o Bem e o Mal, entre Deus e a Treva se daria, para que o Bem vencesse sobre o Mal por “Mil Anos”.



“Armagedon” é na realidade um local na Judeia, a 80 quilômetros de Jerusalém. Armagedon é outro modo de se escrever “Megido” (har magiddô), uma região conhecida dos judeus desde Salomão e Davi. João profetizou que ali em Armagedon se travaria a última batalha do Bem contra o Mal, após Jesus retornar dos Céus com seus exércitos de anjos. Após o triunfo de Jesus, ele eliminaria todo o mal da Terra durante mil anos.




E quem era o príncipe da Treva? O príncipe da Treva era a Besta que “levantou a cabeça” agindo contra as comunidades cristãs (igrejas) e seus seguidores. E quem era a Besta? A resposta está no capítulo 13, versículo 18 do Apocalipse, onde aparece o nome da Besta: 666. Este número, o número da Besta, é o “nome” da Besta e esconde uma charada judaica conhecida: o nome do “Anticristo”. De acordo com o valor numérico das letras hebraicas (numerologia, cabala), 666 é o nome “Nero”, significa Nero! Em outras palavras, a identificação do nome “Nero” se dá porque para as palavras em hebraico, eram atribuídos valores numéricos às letras (igualmente nas letras gregas), segundo o lugar que elas ocupavam no alfabeto (gematria). Era hábito usar letras do alfabeto como números!
Nero, portanto, foi a Besta temida, apelidada de “Anticristo”. Nero passou a ser chamado de “Besta” desde que perseguiu e martirizou os cristãos após incendiar Roma.



Kautsky Karl explica que estudiosos anteriores a ele, como Hitzig, Benary e Reuss, já haviam percebido a charada no Apocalipse de João.
A charada está em tudo.
“João” também registrou no Apocalipse o que ele chamou de “a Grande Meretriz”, “a Prostituta”, “a Babilônia com vestes roxa”. A charada aqui é fácil de identificar, pois Roma era assim considerada pelos seus inimigos e seus subjugados. A “Toda-Poderosa Roma” era “a Meretriz”, “a Nova Babilônia”, e roxa é a cor representativa de Roma. Esta cor era usada com preferência pelos romanos em diversas coisas.



João também diz que a prostituta está sentada sobre sete assentos. Sete assentos significam as sete colinas em que a Cidade de Roma está assentada. João escrevia desta maneira, como charada, pois qualquer coisa dita ou escrita contra Roma ou o imperador, era passível de punição ou morte, por isso ele escrevia simbolicamente seu manuscrito registrando as ocorrências de uma forma segura para a posteridade (outros autores também escreveram desse modo). Pela vontade de se registrar este grave acontecimento e sua consumação no emergente mundo cristão, foi que o tal pseudônimo João escreveu o Apocalipse. Ele estava vivenciando todas aquelas coisas em seu tempo!
O Apocalipse de João é o “Manifesto Simbólico” contra os horrores do Império Romano, mas que deixava a esperança de que Jesus voltaria e venceria o inimigo, trazendo o bem e a paz que todos os seus adeptos almejavam.


Posteriormente, já na época dos fundamentos do “novo cristianismo” de séculos depois de Cristo, os pais da nova Igreja de Roma, no Concílio de Nicéia, viram que o “emergente Reino Cristão” necessitava não só de uma religião e de um messias, mas também de um “Fim de Mundo”, para poderem compor o seu livro sagrado, a Bíblia, pois só assim poderia surgir uma “nova Era”, um novo Reino de realizações e grandeza para a nova fé do Império Romano de Constantino, que era a nova Igreja Romana do Deus Javé. A partir de então, caberia à nova Igreja Romana construir o Reino de Deus: um Reino de Mil Anos, o Reino do Milênio!


A confecção de um livro para a religião emergente, era uma necessidade imprescindível, para servir de fundamento para os novos cristãos. E era necessário uma base escrita para se obter mais e mais poder. Era uma “religião do livro”.
Com o novo reino que os cristãos-romanos queriam construir, tinha também de estar incluída a esperança de retorno de seu Salvador um dia, para que ele julgasse os vivos e os mortos e trouxesse uma salvação para a Humanidade. A própria religião assegurava a “ressurreição dos mortos”. Enquanto isso não acontecesse, a autoridade eclesiástica podia colher todas as benesses do Novo Reino, para a glória do Deus Javé, ou melhor, dela própria.









Rodapés:
*Extraído do livro Os Messias do Mundo, tópico O QUE É “666 E O ARMAGEDON DO APOCALIPSE DE JOÃO”?
http://vitomarino.blogspot.com.br/2013/04/livro.html
** A própria ideia de Apocalipse e Dia do Juízo Final os judeus herdaram dos antigos egípcios, uma ideia que mudou a nossa forma de pensar.
*** “Ateia”, aqui, é porque o Deus do Império Romano era Júpiter e seu filho divino o próprio César, portanto a religião dos judeus e dos cristãos era ateia à religião romana.
**** Acreditar que “Jesus está chegando” é um hábito típico de uma esperança religiosa e sonhadora. Este engano, até o apóstolo de Jesus, Paulo, cometeu, como podemos ler em 1Tessalonicenses 4:14-18 e 1Coríntios 15:51,52. Paulo era um “apóstolo apocalíptico”. Ele também acreditava que ainda durante a sua vida, veria Jesus descer do céu como um juiz cósmico da Terra. E é o próprio Paulo dito “São Paulo” que comete tal "engano" (aqui vemos que nem um santo acerta). Na verdade, não é engano, era simplesmente a crença cristã em seu início.



>> Livro "OS MESSIAS DO MUNDO, Vito Marino
saiba mais: 
http://www.asabeca.com.br/detalhes.php?sid=05032018111519&prod=6273&friurl=_-OS-MESSIAS-DO-MUNDO--Vito-Marino--_&kb=1122#.Wp1RPOjwbIU








segunda-feira, 5 de junho de 2017

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