O símbolo da cruz existe há milhares de anos e podemos
observar pelo mundo, dezenas de tipos e formas de cruzes espalhadas. Há cruzes
isósceles diversas: a cruz solar (ou grega), a cruz recruzada, a cruz de
Jerusalém, a cruz patriarcal, a cruz do santo Graal, a cruz florenciada, a cruz
de Malta, a cruz ancorada, a cruz pátea (ou cruz de ferro e cruz de
Cavaleiros), a cruz patonce, a cruz potenteia, a cruz românica, a cruz oca (ou
gamada), a cruz bordonada. E ainda: a cruz ansata, a cruz celta, a cruz de Tau,
o crucifixo cristão, a cruz de Santo André, etc. Em se tratando de cruzes,
parece não haver fim! Quantos tipos, modelos e formas! O que significa este símbolo tão difundido? De onde
vieram as diversas cruzes? O que simbolizam? O que se esconde sob este símbolo?
Muito antes de ser conhecido o crucifixo ou cruz cristã,
as cruzes em geral já existiam e eram conhecidas na Antiguidade sob diferentes
formas e aspectos. Também é fato, que o desenvolvimento de novas formas, para
usos específicos, nunca parou. Cada grupo humano desenhou qualquer cruz a seu bel-prazer,
para significar aquilo que se queria em determinado tempo ou atendendo a uma
demanda artística própria. Era como criar um “logotipo” para algo.
O significado das antigas cruzes é totalmente diferente do significado
da cruz-crucifixo cristã, usada posteriormente no cristianismo. Na verdade,
possuem significados distintos. A cruz cristã foi usada como simbolismo da fé cristã a partir
do imperador romano Constantino e seus colaboradores, após um “sonho” que o
imperador tivera. Essa cruz cristã romana se origina
do modo de punição aplicado pelos romanos, aos bandidos condenados à morte. “Esta cruz” era um antigo instrumento de suplício,
constituído por dois madeiros, um atravessado no outro, em que se amarravam ou
pregavam os condenados à morte (com forma “cruzada”, para a acomodação dos
braços abertos de um homem). A
crucificação também compreendia a
“arvorificação”, que era a crucificação em árvores, pregando-se na horizontal
uma tábua simplesmente no tronco, para prender os braços do condenado. O crucificado Messias nazareno Jesus,
seria lembrado até hoje através dessa cruz (também designado como crucifixo),
por causa do formato cruzado. Cruz passou a ser igual a crucifixo e vice-versa.
Como Jesus Cristo foi crucificado, ficando pendurado numa
cruz romana da condenação e humilhação, por causa dos “pecados” dos seres
humanos, tal simbologia “martírio – Filho de Deus – últimos momentos – redenção
– religião cristã”, era bastante apropriada para ser lembrada como signo da
nova fé. Por isso a “cruz-crucifixo” ou simplesmente “cruz cristã”, foi tomada
como símbolo.
A cruz cristã faria os fiéis se lembrarem da nova
representante do Filho de Deus na Terra, a Santa Igreja, em qualquer lugar e
para sempre. Citando uma comparação simples, sabemos que se alguém falar da
torre Eiffel por algum motivo, este, imediatamente se lembrará de Paris.
Associará automaticamente a torre Eiffel à Paris.
Pelo fato da última letra do alfabeto judaico, o Tao (Tav),
ter o formato de uma cruz, e significar “respeito e perfeição”, e a Torá (Velho
Testamento) dos judeus começar com a letra Tao, uma linha de pesquisadores
levanta a possibilidade de que o símbolo da cruz da Igreja provinha desta
letra, como herança dos judeus, e, portanto, que já existia antes da “visão
sobrenatural” de Constantino, e seria para identificar os primeiros cristãos
judeus. Também podemos dizer que ambos os fatos podem ser válidos, tendo sido
“unidos”, e assim, foram fortalecidos dentro da fé pelos descendentes cristãos.
Outro fato interessante: os gnósticos do Egito, em 80 E.C., que cultuavam Ísis,
Osíris, Seth e Jesus, e foram responsáveis pela criação de vários Evangelhos,
começavam a introdução dos capítulos de seus textos com cruzes pintadas à mão,
para lembrar a “crucificação” de Jesus e também a “vida” de Jesus na ressurreição. Eram no caso,
duas cruzes fundidas em uma só, a cruz da condenação dos romanos e a cruz
egípcia da vida, o Ankh.
Porém, a cruz-crucifixo, não tem nada a ver com as diversas cruzes que citamos no início do
tópico.
Portanto há duas coisas aqui: primeira, há a antiquíssima cruz de braços iguais (isósceles), que ao
longo do tempo adquiriu diversos aspectos e formas, para atender diversas
linhas de pensamento e cultura. E segundo, há o crucifixo, símbolo cristão, que
também possui o aspecto de cruz, por causa do modo naturalmente elaborado para
se colocar um condenado amarrado ou pregado e que se tornou “cruz”.
Assim como as cruzes que já existiam anteriormente, o
crucifixo também adquiriu diversos aspectos e formas, atendendo à diversas
linhas de pensamento da cultura cristã com o passar do tempo.
Deixemos no entanto o crucifixo cristão de lado agora, e
nos foquemos na simbologia das distintas cruzes citadas, foco principal deste
tópico, e que são mais antigas que o cristianismo, e também usadas pela Igreja
e outros círculos.
Para o esclarecimento da simbologia das cruzes mais
antigas, devemos levar em conta o formato de cruz mais simples de todas, pois esta é a mãe e a raiz de todas as outras. É
desta primeira cruz que se desenvolveram todas as outras posteriormente!
E qual é a mais simples das cruzes que temos?
É
aquela, simplesmente, onde dois “braços” iguais (isósceles, equilateros, ou
equilineares), um
vertical e outro horizontal, são colocados de forma a cruzarem-se
igualmente no centro. Esta
foi a primeira cruz que surgiu! É mais conhecida como cruz solar ou cruz do
sol. A cruz solar é também chamada de cruz grega ou quadrata
crux, e suas origens pré-cristãs remontam à antiga Babilônia, onde era um
símbolo do Deus-Sol Schamas.
Com exceção da “cruz” egípcia Ankh,
todas estas outras cruzes derivam desta primeira, a mais simples das cruzes.
E o que vem a significar esta cruz solar de “braços
iguais”, um vertical e o outro horizontal, que se cruzam? O que é esta cruz
isósceles e seus detalhes? Vejamos:
Somente nos milênios mais recentes, estas qualidades do
Sol, evoluíram na cultura de diversos povos para um Deus invisível ou de “barba
branca”, que estaria acima do Sol e dos outros Deuses. Assim, o Sol foi
destituído de seu trono. Os
hebreus tomaram a dianteira nisso, e também passaram a chamar os gentios (os
“idólatras”) em geral de “akum” (“adorador de estrelas e signos zodiacais”).
A cruz egípcia Ankh,
também conhecida como “cruz ansata”, era, na cultura egípcia, o símbolo da vida e
muito usada na escrita hieroglífica. Era o símbolo da vida que vinha do Sol, da
luz do Sol. Devido a isso, na religião
egípcia, a cruz ansata simbolizava a vida eterna e era usada para indicar a
vida após a morte.
O Deus Sol na Suméria e Babilônia era chamado de Schamas (Chamach, Shamash), de onde provém a
palavra chama. Em
hebraico, Sol escreve-se Schemesh e pronuncia-se “Chamá”.
Somente nos milênios mais recentes, estas qualidades do
Sol, evoluíram na cultura de diversos povos para um Deus invisível ou de “barba
branca”, que estaria acima do Sol e dos outros Deuses. Assim, o Sol foi
destituído de seu trono. Os
hebreus tomaram a dianteira nisso, e também passaram a chamar os gentios (os
“idólatras”) em geral de “akum” (“adorador de estrelas e signos zodiacais”).
O Deus Sol na Suméria e Babilônia era chamado de Schamas (Chamach, Shamash), de onde provém a
palavra chama. Em
hebraico, Sol escreve-se Schemesh e pronuncia-se “Chamá”.
A cruz isósceles surgiu, quando, primeiramente, um
pesquisador do céu gravou a abóbada celeste, numa pintura rupestre ou placa de
madeira ou barro. Se um observador contemplar o céu, olhando para cima e para
todos os lados, dando uma volta de 360° em torno de si, só poderá desenhar um Círculo representando a abóbada
celeste ou “esfera” celeste. Ora, o pesquisador do céu queria expressar artisticamente
o conhecimento que adquiria da observação do céu. Das coisas que aconteciam no
céu. Esta foi sua primeira atitude como pesquisador, ou seja, desenhar um
círculo representando o céu. A partir daí, foi registrando outras observações
que foi descobrindo: os solstícios e os equinócios!
Solstício é a
época do ano em que o Sol está mais afastado do “Equador terrestre”. Ou seja, a
época do ano em que o Sol está no ponto mais distante do Equador ao Norte ou ao
Sul que é 22-23/Junho e 22-23/Dezembro de cada ano. Pode-se dizer também que é
a época em que o Sol passa pela sua maior declinação boreal ou austral, e
durante a qual cessa de afastar-se do Equador. No Hemisfério Sul, a primeira
data se denomina Solstício de Inverno (22-23/Junho) e a segunda, Solstício de
Verão (22-23/Dezembro). Como as Estações são inversas nos dois Hemisférios,
essas denominações invertem-se no Hemisfério norte.
A sinalização deste “evento equatoriano” foi marcada no
círculo desenhado da abóbada celeste, no caso, na pintura rupestre ou placa de
madeira ou barro, com uma linha “horizontal” no meio do círculo desenhado. Esta
linha se tornou a “barra horizontal” da cruz isósceles.
Já Equinócio,
é o dia do ano em que o trajeto do Sol pelo céu “corta” o “Equador celeste” (o
Equador da abóbada) perpendicularmente e igualmente, fazendo com que a duração
do dia seja igual a duração da noite na Terra. Ou seja, a época do ano em que o
Sol passa sobre o Equador bem no meio, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração. Pode-se dizer também que é o
ponto da órbita da Terra em que se registra uma igual duração do dia e da
noite, e que acontece nos dias 21 de Março e 23 de Setembro de cada ano. Também podemos dizer que equinócio é
o instante em que o Sol, no seu movimento anual “aparente” no céu, corta o
Equador celeste igualmente. Ou
ainda que o equinócio é qualquer uma das interseções do círculo da elíptica com
o círculo do Equador celeste, onde temos no hemisfério norte: o equinócio da
Primavera (21 de Março) ou ponto vernal, e o equinócio do Outono (23 de
Setembro) ou ponto de Libra. A sinalização gráfica do sol “cortando” o Equador
celeste nestas datas, os astrólogos-astrônomos antigos marcaram no desenho do
círculo da abóbada, em forma de uma linha vertical e que acabou se cruzando no
centro, com a linha horizontal do solstício dando o formato de “cruz”.
O pesquisador celeste desenhou ou melhor, “riscou” a barra
horizontal da cruz simbolizando os solstícios e a seguir a barra vertical
simbolizando os equinócios. Isso foi a descoberta das quatro estações do ano e
a data que cada uma delas começava, e por isso registrou-se tais fatos.
O registro desenhado ficou caracterizado assim:
a) Na barra vertical, a
parte de cima (metade da
barra a partir do seu centro): 21 de junho, como solstício de inverno.
b) Na mesma barra vertical, a parte de baixo (a outra metade da barra a partir do
seu centro): 22 de dezembro, como solstício de verão.
c) Na barra horizontal, a
parte do lado esquerdo (metade
da barra a partir do seu centro): 21 de março, como equinócio de outono.
d) Na barra horizontal, a
parte do lado direito (a
outra metade da barra a partir do seu centro): 23 de Setembro, como
equinócio de primavera.
Tais descobertas permitiram aos pesquisadores de então,
antecipar os eventos que ocorrem na Terra como primavera e verão, e outono e
inverno, podendo prever com isso, também as épocas de plantio
e de colheita, assim como a chegada do frio. Os solstícios e os equinócios são
muito usados pelos astrônomos e físicos atuais em suas pesquisas.
Estava assim criada a cruz isósceles! A cruz solar! A cruz
humana que se tornaria cultuada na religião destes antigos pesquisadores, e por
isso, se transformaria em cruz divina, ou seja, a cruz de Deus, portanto, a
cruz do poder e da força celeste. Foi um exemplo clássico do ser humano
consagrando divinamente uma descoberta.
No entanto, os povos antigos estavam também muito atentos
às estrelas e a outros acontecimentos do céu noturno, além dos movimentos do
sol. Eles estudavam o céu todo. As estrelas formavam padrões que lhes
permitiram reconhecer e antecipar ainda outros eventos, que ocorrem de tempos
em tempos como a duração de um ano, os eclipses, as fases da Lua, etc.
Estes primeiros pesquisadores são conhecidos como
“astrólogos” primitivos (astrônomos primitivos), palavra que significa “aqueles
que podiam prever as coisas”.
Foram os babilônios que criaram a primeira “tábua
astronômica”, juntamente com as primeiras compilações de estrelas. Sua tábua
astronômica mostrava o céu dividido em três setores de doze zonas cada um. Tais
estudos dos babilônios serviram de base para o “zodíaco” de doze signos. Algo
bem antigo portanto, cerca de 1500 a.E.C.
Os gregos mais tarde catalogaram os maiores grupos
celestes de estrelas como marco e parâmetro referencial de posição e de direção para suas
observações e seus cálculos, tornando-se aquilo que conhecemos hoje como
constelações. No caso, elegeram 12 constelações, também conhecidas como 12
signos. Os astrólogos desenhistas desenharam o trajeto do sol no firmamento, com
as constelações, meses, dias, etc. Isso
originou o conhecido “Zodíaco”. Eles tiveram que expressar suas descobertas,
escrevendo seus conhecimentos em algum lugar, para que não se perdessem. Desse
modo, estes homens esculpiam em pedras, talhavam em peças e placas de madeira e
cerâmica, imprimiam em placas de barro e escreviam em papéis primitivos. Suas
observações tinham de ficar registradas. Era utilizado para tanto, aquilo que a
tecnologia de cada povo tinha à disposição em cada época. Ainda não existia a
prensa manual, que tantos benefícios traria posteriormente à Humanidade.
Lembrando aqui, que a porção do céu noturno visível muda,
ou seja, as constelações desenhadas há 3000 anos pelos astrólogos, e que
definiam que meses e dias correspondiam a cada signo já não são as mesmas do
céu de agora. E isso devido ao posicionamento rotativo do eixo da Terra que é
de 23 graus de inclinação e não zero graus de inclinação, conforme os antigos
astrólogos acreditavam, e à sua rotação que dura um ciclo de 26000 anos
(precessão). Portanto os signos do zodíaco não são fixos. Há ainda o fato de
que as órbitas dos planetas são elípticas e não círculos perfeitos, e que é a
Terra que dá uma volta em torno do Sol em 12 meses e não o Sol em torno da
Terra como se acreditava. Obviamente tais dados atuais colocam em cheque a
Astrologia professada no mundo, pois o ponto de vista terrestre em relação ao
cosmo se altera constantemente.
Como o Sol era o Deus e a Vida, ou seja, o principal no
céu, ele ocupou, no desenho da cruz solar, o ponto central onde se cruzam as
linhas dos solstícios e equinócios, em diversas configurações. Era o Sol que
criava os solstícios e equinócios.
Há mais de 12.000 anos, a História mostra uma abundância
de pinturas e de escritos pelo mundo, que refletem o respeito e a adoração dos
povos pelo Sol. E é simples entender o porquê, já que o seu aparecimento todas
as manhãs, sempre trás de volta a visão, o calor e a segurança, salvando o ser
humano do frio e da escuridão da noite, que era repleta de perigos e de
predadores. E todas as culturas perceberam que sem o Sol não haveria colheitas
e nem vida na Terra. Estas realidades fizeram do Sol um popstar da Antiguidade, ou seja, o astro ou objeto mais adorado e
cultuado de todos. O reconhecimento do Sol tornou-o sinônimo de Vida. E como
tal, o Sol tornou-se o Astro-Rei, a Luz do Mundo, o Criador do Mundo, o Pai
Celestial Todo-Poderoso, o Deus-Criador, o Deus da Vida, o Salvador da
Humanidade, o Filho de Deus. O Sol personificou tudo isso.
Da inicialmente “cruz isósceles solar” surgiu a “cruz do
Zodíaco” e o mapa do Zodíaco, ou seja, outros registros observados pelos
astrólogos, vieram a enriquecer o conhecimento dos homens, e estes, foram
agregados aos registros da cruz solar, enriquecendo-a no contexto cultural dos
povos. A partir dos primeiros registros do céu, no Hemisfério norte, pelos
pesquisadores, surgiu o mapa do Zodíaco como um tipo de Planisfério do céu. Ou
seja, um retrato do céu e do que acontecia no céu. Era um formato “no papel”
que definia as observações destes astrólogos-astrônomos. E com isso, surgiu a
cruz do Zodíaco.
A cruz solar e o Zodíaco são parte das mais antigas
imagens feitas da Humanidade.
A palavra Zodíaco é de origem grega, sendo zodiakós, e significa kyklos, ou seja, círculo dos animaizinhos, e é
empregada para designar a faixa da esfera celeste (abóbada celeste ou céu visível)
com as constelações de referência conhecidas como signos. Estes são: Gêmeos,
Touro, Capricórnio, Peixes, Aquário, Áries, Sagitário, Escorpião, Libra,
Virgem, Leão e Câncer.
Os pesquisadores dos astros, nada mais fizeram do que dar
“forma” aos grupos de estrelas que lhes serviam de referência no céu, pois
ligando as estrelas entre si, de cada constelação, com uma linha imaginária,
desenhou-se mais ou menos a silhueta de personagens mitológicos de suas crenças
ou animais conhecidos. As próprias formas traçadas, imaginariamente, das
estrelas observadas (constelações), deram aos pesquisadores do céu noções
pueris e naturais de semelhanças com figuras que eles conheciam (leão,
caranguejo, peixes, etc.), ou o Aquarius,
por exemplo, que era simbolicamente o portador de água que trazia as chuvas da
primavera.
Isso fez com que as constelações celestes ficassem
facilmente identificáveis para se localizar os corpos celestes e as anotações
dos acontecimentos da abóbada celeste. Dizia-se que as doze constelações representavam
lugares de viagem para o Sol-Criador, Salvador da Humanidade, e foram nomeados
e normalmente representados por elementos da natureza, que aconteciam nesses
períodos de tempo. A “cruz do Zodíaco” representou o conjunto de observações
dos pesquisadores celestes: o trajeto do sol através das doze constelações do
céu (o caminho celestial do nosso Sol) que passaram a representar os doze meses
do ano, as 4 estações, os solstícios e os equinócios.
O Sol leva um ano para percorrer o Zodíaco, ou seja, dar
uma volta de circunferência no “mapa”. Essa volta foi chamada de “ano solar”.
Como vimos, o termo Zodíaco está relacionado com o fato de
as constelações serem antropomorfismos ou personificações, como pessoas ou
animais. Em outras palavras, as primeiras civilizações não só seguiam o Sol e
as estrelas, como também os personificaram através de mitos, que envolviam os
seus movimentos e relações. Na Antiguidade, era muito natural misturar os
estudos das posições dos astros com a religião. Por isso o sol, com o seu poder
criador e salvador foi personificado à semelhança de um “Deus Todo-Poderoso” em
muitas civilizações, juntamente com as outras qualidades que citei.
A Astrologia-astronomia,
dividiu o Zodíaco em doze signos, e estes representaram (e continuam
representando na Astrologia) o total da experiência humana: cada um dos signos
passou a indicar um tipo básico de personalidade, ligado à posição do Sol, no
nascimento de cada ser humano. Então, cada signo passou a ter o seu lado
positivo, construtivo, e o seu lado negativo, destrutivo. Por ser um círculo, o
Zodíaco naturalmente é um símbolo geométrico de 360º, por isso foi dividido
pelos pesquisadores do céu, em doze partes, com uma parte para cada signo, e
assim, cada signo ocupou um espaço imaginário de 30º do círculo do Zodíaco.
Mas por que esta disposição? Porque observou-se no céu,
que o Sol ficava cerca de 30 dias em cada signo (constelação), o que ficou
conhecido por “mês”. E o trajeto do Sol por todos os signos, que servem de
marco para os pesquisadores do céu, somados, totalizam 12 meses, ou seja, um
ano. Seguindo estes passos nas observações do céu, os pesquisadores desenharam
ou esculpiram suas observações, de um modo compreensível para futuras
referências próprias e para a posteridade.
O Zodíaco tornou-se não simplesmente o caminho do Sol no
céu, mas uma viagem através da experiência humana. Passou a representar na
Astrologia, a jornada da alma (o Sol) desde a concepção e a infância, até a
velhice do indivíduo.
A Astrologia tornou-se a arte de interpretar os “sinais do
céu”! Seus intérpretes tornaram-se sacerdotes, e suas vestimentas eram borradas
com emblemas da Terra, do Sol, da Lua, dos oceanos, do círculo do Zodíaco e dos
signos dos céus.
Antropomorfizar é quando se dá a algo ou a
alguma coisa, a forma humana. Características humanas podem ser dadas a objetos
celestes, Deuses, animais, vegetais e objetos variados. Hoje em dia podemos ver
tal fato muito presente em desenhos animados.
E assim que a Astrologia passou a ser usada há milênios
para “prever o futuro”, já que no início de sua história, previa quando seria a
Primavera, o Verão, o Outono, o Inverno, a época das chuvas, das cheias dos
rios, das colheitas, das fases da Lua, os anos, os eclipses, etc.
Para a Astrologia, os planetas representam a dança da
vida, com as suas influências e as suas mudanças. Observando o céu, ora se via
um planeta aqui e ora ali, devido ao próprio movimento deles e da Terra em
torno ao Sol. Suas posições planetárias, mapeadas da Terra, são diferentes a cada
dia, sendo únicas. Por causa disso, os planetas tornaram-se ingredientes ativos
da Astrologia. Já o Sol, foi sempre o astro principal. Ele é o Princípio
Criativo, a Força Vital, o Pai caloroso, o Pai espontâneo, o Deus que todos os povos antigos cultuavam.
Com o tempo, aconteceu que a Astrologia-Astronomia
dividiu-se em duas coisas, fazendo originar a “Astronomia” como Ciência
apartada da Astrologia como magia e superstição.
Os cientistas Galileu Galilei e Johannes Kepler
contribuíram muito para que tal fato ocorresse, fazendo com que a partir do
século XVI a Astronomia florescesse como Ciência. Mas a Astrologia sozinha,
também seguiu o seu caminho, mas como uma pretensa Ciência de predizer o futuro
pela influência dos astros, como simples “crendice popular”, um campo muito
bem-vindo para os místicos das diversas civilizações. Mas a Astrologia ainda se
popularizou enormemente a partir de 1890, quando o inglês Alan Leo fundou a
revista The Astrologer’s
Magazine e trouxe até as
massas a novidade dos “horóscopos”.
A cruz do Zodíaco representou para os astrólogos
pioneiros, a matéria e o plano físico da existência. Por isso, esta cruz
isósceles é também chamada misticamente de “cruz da matéria”. O círculo, que é
a representação da abóbada celeste, ou céu visível, representou toda a matéria
visível. Em outras palavras, a cruz da matéria representa no esoterismo a
totalidade do Cosmos, sendo a totalidade de energia no Cosmos, e como tal,
eterno e infinito. E o “círculo” ficou associado à “eternidade”. Na religião
antiga daquelas civilizações acreditava-se, que estas qualidades do Cosmos,
também os possuíam o espírito do ser humano, e então, o espírito passou a ser
representado pelo círculo, sem começo e sem fim. Os criadores da cruz solar e
do desenho do Zodíaco, viam nestes a representação do céu e de seu mundo. Em
outras palavras, a representação de seu próprio plano de existência, ou seja, o
plano físico, o plano da matéria.
A cruz celta também composta de duas barras simples de
igual tamanho, e envolta por um círculo, era chamada pelos celtas de “eixo do
mundo”. Para eles, a barra vertical representava o mundo celestial, e a barra
horizontal o mundo material. O ponto de encontro das duas barras lhes indicava
a “unidade do todo”, que possuía um “halo de unificação” da eternidade
representada pelo círculo.
Platão em sua Obra Timeu, afirmou que o mundo “é esférico e circular”. Que
Deus o fez segundo essa forma, “sendo
as distâncias em toda parte iguais, desde o centro até as extremidades. Dentre
todas as figuras [o Círculo] é a mais perfeita e a mais constantemente igual a
si mesma [...]”. E: “[...] Formou assim um céu
circular, céu único, solidário, capaz, por sua virtude própria, de permanecer
em si mesmo, sem necessitar de nada mais, porém conhecendo-se e amando a si
mesmo suficientemente”.
E a religião se desenvolveu paralelamente às descobertas
que os homens faziam. Por isso, muitos cultos antigos eram “cultos
astrológicos”. Isso tornou-se muito forte na Antiguidade, e a tal ponto, que
uma frase de um escrito sagrado hindu chamado Atharva
Veda, diz: “Um rei sem
astrólogo é como um menino sem pai”. Os
próprios imperadores romanos tinham a astrologia como Ciência, por isso também
tomavam decisões baseadas em conselhos astrológicos.
A cruz solar isósceles está presente em gravuras rupestres
desde o período Neolítico. Já o
primeiro Zodíaco conhecido no mundo é do século I a.E.C., e está desenhado no
teto do Templo de Dendera no Egito. Seu formato no entanto, não é o de círculo
com a cruz solar que só foi criada mais tarde.
A cruz isósceles também é um símbolo maçom. Na Maçonaria
simboliza o “eixo do mundo”, e funciona como uma “ponte” ou “escada” pela qual
se chega a Deus, “o Grande Arquiteto”.
As doutrinas do Graal também possuem como símbolo, a cruz isósceles dentro de um círculo.
É chamada de “Cruz da Verdade” ou “Cruz do Graal”, e elas explicam:
“A cruz é a forma pela qual a Verdade se expressa. O
círculo em torno da cruz significa a Criação, isto é, tudo o que foi criado”.
“Era a Cruz isósceles, isto é, a Cruz com os braços
iguais, que sempre foi usada para representar a Verdade que provém de Deus!”
“O sinal do onipotente Criador era uma cruz isósceles
rodeada por um círculo ou por um quadrado.”
Fatos que ocorriam no céu, foram desenhados e o desenho
gráfico se tornou um símbolo do céu, e este transformou-se depois num símbolo
divino. E como era um símbolo do céu, tornou-se um símbolo de Deus. E o Deus no
caso era o Sol, o Criador. Este símbolo da cruz isósceles passou a ser parte
integrante de várias religiões antigas inicialmente, e, posteriormente, em
doutrinas modernas. E foi usada como
sinal de poder, pela elite daquelas civilizações que a conheciam. Até a Igreja católica utiliza
a cruz isósceles nas vestes do Papa por exemplo (além do crucifixo do suplício),
como símbolo divino e santo, como uma herança pagã que a Igreja absorveu. Ela
nunca representou a crucificação de Jesus Cristo, mas simboliza para o
catolicismo as quatro direções da Terra, querendo significar a propagação do
Evangelho nas quatro direções, e também os quatro Evangelistas. Já a cruz solar
dentro de um quadrado representa a autoridade temporal da
Igreja. Na religião católica, Jesus Cristo passou a ocupar o lugar do Sol.
Antes da Ordem dos Templários e da Ordem dos Hospitalários
existirem em Jerusalém, na época das Cruzadas, havia no local próximo às
futuras instalações das duas Ordens, a militância dos cônegos da Igreja do
Santo Sepulcro. Estes, possuíam como insígnia em seus hábitos, esta cruz de
dois braços iguais, chamada por eles de “cruz patriarcal” e também conhecida
como “cruz vivificante”, em cor vermelha. Tanto os Templários quanto os
Hospitalários, herdaram dos cônegos do Santo Sepulcro esta insígnia, para eles
honrosa, daqueles que serviam a Cristo na Terra Santa. Com o tempo, a forma
desta cruz sofreu também derivações na própria Ordem dos Templários.
A utilização ou a criação da cruz solar original, mãe de
todas as cruzes isósceles, pode então ser resumida do seguinte modo: um desenho
humano, feito por “observadores do céu” para simbolizar o que eles avistavam em
suas observações, e que se transformou em “Símbolo Divino” e “Objeto Divino”,
proveniente do Deus lá do céu, ou seja, o Sol Onipotente. Isso aconteceu quando
o símbolo de estudo dos astrólogos-astrônomos passou a ser unificado com a
religião e cultuado por ela como um símbolo místico. O desenho humano tornou-se
um “símbolo divino” do Deus-Sol-Criador.
Infinitas seitas usaram símbolos da cruz solar em seus
cultos e altares. Até em Pompeia, foi encontrada a cruz solar pelos arqueólogos
que a escavaram, datada de 79 E.C., quando aconteceu sua destruição pelo vulcão
Vesúvio.
Por possuir registros de fatos simbólicos ocorridos no
céu, que era tido como o “Reino celeste do Deus-Sol”, a cruz solar se tornou a
“Verdade divina expressa”. Um sinal divino da Verdade de Deus. A Verdade é a
cruz e a cruz é a Verdade. Assim ficou nas crenças religiosas.
Com relação às Constelações, originalmente eram em número de doze. Eram utilizadas como referência do céu, mesmo por Isaac Newton, até que em 1922, Instituições mundiais se juntaram e elaboraram mais Constelações, levando-se em conta os dois Hemisférios da Terra. Tal ação mundial foi movida pela necessidade de um mapa mais detalhado do céu noturno, para maiores e melhores pontos de referência para pesquisas, trabalhos científicos, rastreamento, locomoção, etc. Chegou-se então a um número surpreendente de “oitenta” Constelações referenciais. Estas, atualmente, são utilizadas como parâmetros de estudos da Ciência no mundo todo.
Vito Marino
____________________
REFERÊNCIAS:
―QUEIROZ, Álvaro de. A Geometria Maçônica. São Paulo, SP: Madras Editora Ltda., 2010.
―SASS, Roselis von. Atlântida. Princípio e fim da grande tragédia, 6ª edição. Embu, SP: Editado pela Ordem do Graal na Terra, 1997.
OUTRAS FIGURAS DE CRUZES SOLARES DESENVOLVIDAS COM O PASSAR DO TEMPO:
Detalhe aqui: aparece a cruz solar atrás
da cabeça do Cristo na cruz (crucifixo)